Este blogue é uma extensão de Entre as brumas da memória.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
«É preciso um compromisso histórico entre a esquerda democrática e o centro-direita», Francisco Assis, Público, 1/11/2012, p.46.
O Governo já não dispõe de condições para promover tal consenso. O país precisa de entrar num novo ciclo político .
1.O debate orçamental terminou há escassas horas, estou a escrever este artigo na biblioteca da Assembleia da República, ouvindo a vozearia distante dos manifestantes que se aglomeram lá fora. Aqui, nesta vetusta sala impregnada de silêncio, rodeado de estantes que albergam muitas das grandes produções intelectuais do Ocidente, deixo-me invadir pelo espírito das velhas democracias representativas e liberais. Lá fora, uma pequena multidão ululante invectiva os representantes eleitos da República e contesta, com fúria, as mais recentes medidas governamentais. Alguma coisa de muito grave está a acontecer para que os parlamentos se tivessem transformado, em diversas democracias europeias, no alvo privilegiado de manifestantes irados. Como escrevi nesta coluna há algumas semanas atrás, estabeleceu-se e tem vindo a acentuar-se um divórcio radical entre dois países que nunca deveriam desentender-se, o país das instituições e o país das manifestações. É sobre essa ruptura que é preciso pensar.
As democracias contemporâneas integram no seu íntimo uma permanente tensão entre o princípio da representação, que, no limite, apela para um certo ideal aristocrático e um impulso igualitarista radical que aponta no sentido do enaltecimento da participação popular. Em épocas normais, essa tensão gere-se com relativa facilidade, e comporta mesmo uma dimensão criativa. Em épocas de crise económica e social, as coisas funcionam de forma muito diferente. Quando a uma crise dessa natureza se acrescenta outra, bastante mais grave, caracterizada por uma ausência de sentido colectivo, pela descrença em qualquer tipo de configuração do futuro, estão criadas as condições para que as massas entrem num processo de corte radical com as supostas elites.
De entre estas últimas, os representantes políticos nacionais acabam por ser os mais desprotegidos, e por isso mesmo, mais facilmente atacáveis.
A discussão do Orçamento revelou claramente o estado de impasse em que nos encontramos: um Governo desorientado, uma maioria agónica e sedimentada numa réstia de entendimento numa base cínica, uma agressividade discursiva imprópria, um espírito de claque iníquo. O Governo trouxe ao Parlamento um projecto orçamental em que ele próprio já não acredita, como se tornou visível ao longo dos últimos dias. Na verdade, a grande novidade que o primeiro-ministro introduziu neste debate consistiu na proposta que publicamente apresentou ao PS para que este se dispusesse a participar num esforço conjunto, tendo em vista a concretização daquilo que curiosamente definiu como a refundação do compromisso estabelecido com a troika. Não poderia haver confissão mais eloquente do falhanço histórico do actual executivo. Este, ao longo dos últimos dezasseis meses, levou a cabo uma política extremista, inspirada nas referências do pensamento económico neoliberal, desvalorizou o contributo do principal partido da oposição, que com frequência insultou, e enveredou por uma linha de seguidismo acrítico em relação a Berlim no que diz respeito às questões europeias. Essa receita, que subjaz a esta proposta orçamental, estava e está a conduzir o país para o abismo. A austeridade atingiu níveis insuportáveis para largas camadas da população, todos os dias temos notícias de empresas que declaram falência, o desemprego alcançou valores intoleráveis.
Antes das últimas eleições legislativas, Pedro Passos Coelho, que tinha a obrigação de conhecer a real situação do país e da economia internacional, não hesitou em apresentar um programa irrealista do ponto de vista dos compromissos concretos assumidos, ainda que envolvidos numa roupagem ultraliberal que, diga-se em abono da verdade, nunca pretendeu esconder. Como era inevitável, os compromissos irrealistas foram rapidamente abandonados, e subsistiu uma linha de orientação ideológica de todo em todo desadequada face ao momento que o país atravessa. A despesa pública, contrariamente ao que tinha sido demagogicamente prometido, desceu tenuemente. A actividade económica decresceu dramaticamente. As receitas fiscais caíram abruptamente. O Estado entrou em situação de pré-colapso. É tudo isto, em absoluto, imputável a Pedro Passos Coelho e ao seu Governo? É óbvio que não. Estamos a sofrer os efeitos de uma gravíssima crise internacional, enfrentamos as consequências da integração numa zona monetária desprovida de instrumentos fulcrais para a sua própria gestão económica e financeira, e, convém nunca o esquecer, sentimos permanentemente os efeitos dos nossos atrasos estruturais. A responsabilidade do actual Governo não pode, contudo, ser minimizada. Fez opções incorrectas, na hora errada, com propósitos ideológicamente contestáveis, e, com isso, aprofundou a crise que já assolava o país. Enredado no seu labirinto, Pedro Passos Coelho decidiu recorrer a uma derradeira tábua de salvação. O que pretende verdadeiramente o primeiro-ministro? Recuperar a iniciativa política? Relativizar a dimensão do seu próprio falhanço? Comprometer o PS com um programa de redução do Estado social? Talvez um pouco de tudo isto. Seja como for, tenha as intenções que tiver, esta proposta chega tarde de mais. De certa forma, é pena que assim seja.
Nos próximos tempos, o país vai ter que encontrar uma resposta para duas questões essenciais. Como conciliar um programa de redução da dívida pública com uma estratégia de promoção da competitividade económica e de criação de emprego; como explicar às instâncias europeias que só é possível prosseguir por uma via de redução da despesa se não formos obrigados ao mesmo tempo a aumentar drasticamente a receita fiscal por via do aumento radical dos impostos. É aí que se vai decidir o futuro imediato do nosso país, e as duas coisas estão, aliás, profundamente associadas.
Para que tenhamos sucesso nestas iniciativas, de concretização reconhecidamente difícil, precisamos de estabelecer um verdadeiro compromisso histórico entre a esquerda democrática e o centro-direita portugueses. O actual Governo já não dispõe de condições para promover tal consenso. O país precisa de entrar rapidamente num novo ciclo político. O Partido Socialista volta a estar no centro da vida política nacional, readquirindo uma condição de charneira que aumenta a sua responsabilidade imediata. É, por isso, natural que dentro deste partido se estabeleça uma discussão útil entre aqueles que preconizam a solução acima defendida, e alguns sectores mais voltados para entendimentos à esquerda. Essa discussão deve fazer-se sem tabus e sem receios. Pela minha parte, espero que prevaleçam os primeiros, sem que haja a tentação de dispensar o contributo dos segundos. Os próximos tempos vão ser muito interessantes.
Entretanto, anoiteceu. De lá de fora, continuam a chegar alguns gritos. Que nos interpelam no silêncio desta sala. É preciso saber ouvi-los. Talvez digam coisas bárbaras. Nalguns casos recorrem a simplistas e adolescentes. Muitos deles, estão, contudo, a sofrer. Um sofrimento real e profundo. Nenhum representante político estará algum dia à altura do seu lugar se ignorar o sofrimento do povo que representa.
2. Eduardo Ferro Rodrigues proferiu esta tarde na Assembleia da República um dos mais interessantes discursos da legislatura. Cada vez mais me convenço que foi uma pena que este homem sóbrio, sério e denso não tenha sido primeiro-ministro.
. quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
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quinta-feira, 4 de outubro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Discurso na tomada de posse: Marcelo Caetano, 27/9/1968
O Senhor Presidente da República resolveu, no
seu alto critério e segundo as normas constitucionais, designar-me para a
presidência do Conselho de Ministros. Afastado há bastante anos da vida pública
essa escolha surpreendeu-me. Tenho a consciência do que valho e do que posso e
nunca poderia considerar-me à altura das gravíssimas responsabilidades deste
momento histórico.
Em todo o mundo e em qualquer país são hoje bem
pesadas as funções do governo. Mas que dizer quando se trata de suceder a um
homem de génio que durante quarenta anos imprimiu à política portuguesa a marca
inconfundível da sua poderosíssima personalidade, dotada de excepcional vigor
do pensamento, traduzida por uma das mais eloquentes expressões da nossa língua
e senhora de uma vontade inflexível e uma energia inquebrantável que ao serviço
do interesse nacional não tinha descanso nem dava tréguas?
Compreende-se bem que, sem falsa modéstia, eu
tenha hesitado em aceitar o esmagador encargo. Mas a lúcida serenidade do Chefe
do Estado que a Providência proporcionou ao País nesta hora, venceu os meus
escrúpulos. A vida tem de continuar. Os homens de génio aparecem
esporadicamente, às vezes com intervalos de séculos, a ensinar rumos, a
iluminar destinos, a adivinhar soluções, mas a normalidade das instituições
assenta nos homens comuns. O País habituou-se durante largo período a ser
conduzido por um homem de génio; de hoje para diante tem de adaptar-se ao
governo de homens como os outros.
Alguém teria de arcar com as dificuldades dessa
nova fase da vida constitucional. Desde que nas presentes circunstâncias quem
de direito me chamou a assumir as duras responsabilidades do momento, entendi
não poder fugir a elas. Pensei no povo português que, bem o tem demonstrado
pela sua exemplar conduta cívica nesta ocasião, anseia antes de tudo por que se
mantenha a independência nacional, a integridade do território, a ordem que
permita o trabalho e facilite a aceleração do progresso material e moral.
Pensei particularmente na necessidade de não descurar um só momento a defesa
das províncias ultramarinas às quais me ligam tantos e tão afectuosos laços e
cujas populações tenho presentes no coração. Pensei nas Forças Armadas
que vigiam em todo o vasto território português e nalgumas partes dele se batem
lutando contra um inimigo insidioso, em legítima defesa da vida, da segurança,
e do labor de quantos aí se acolhem à sombra da nossa bandeira. Pensei na
juventude a quem as gerações mais velhas têm de ajudar a preparar-se para vencer as árduas dificuldade de um
futuro cheio de interrogações...
Não me falta ânimo para enfrentar os ciclópicos trabalhos que antevejo. Mas seria estulta a pretensão de os levar a cabo sem o apoio do País. Entre as fórmulas lapidares em que o Doutor Salazar concretizou um pensamento cuja riqueza iguala a perene actualidade, encontra-se aquela frase tão divulgada e tão verdadeira, bem adequada a esta hora: «Todos não somo de mais para continuar Portugal».
Esse apoio terá muitas vezes de ser concedido
sob a forma de crédito aberto ao governo, dando-lhe tempo para estudar
problemas, examinar situações, escolher soluções. Outras vezes será solicitado
através da informação tão completa e frequente quanto possível, procurando-se
estabelecer comunicação desejável entre o governo e a Nação.
Neste momento não se estranhará que a minha
preocupação imediata seja a de assegurar a normalidade da vida nacional,
garantir a continuidade da administração pública e, se possível, a aceleração
do seu ritmo, reduzir ao mínimo os factores de crise de modo a podermos vencer
vitoriosamente as dificuldades da ocasião.
Temos de fazer face a tarefas inadiáveis.
Enquanto as Forças Armadas sustentam o combate na Guiné, em Angola e em
Moçambique e nas chancelarias e nas assembleias internacionais a diplomacia
portuguesa faz frente a tantas incompreensões, não nos é lícito afrouxar a
vigilância na retaguarda. Em tal situação de emergência há que continuar a
pedir sacrifícios a todos, inclusivamente nalgumas liberdades que se desejaria
ver restauradas.
Não quero ver os portugueses divididos entre si
como inimigos e gostaria que se fosse generalizando um espírito de convivência
em que a recíproca tolerância das ideias desfizesse ódios e malquerenças. Mas
todos sabemos, pela dolorosa experiência alheia, que se essa tolerância se
estender ao comunismo estaremos cavando a sepultura da liberdade dos indivíduos
e da própria Nação. E que se vacilarmos perante certos ímpetos anárquicos,
correremos o risco de nos vermos cercados de ruínas sobre as quais só um feroz
despotismo poderá vir a reconstruir depois. Se queremos conservar a liberdade
temos de saber defendê-la dos seus excessos, porventura os mais perigosos dos
inimigos que a ameaçam.
O desejo sinceríssimo de um regime em que caibam todos os portugueses de boa vontade não pode pois ser confundido com cepticismo ideológico ou tibieza na decisão. A ordem pública é condição essencial para que a vida das pessoas honestas possa decorrer com normalidade: a ordem pública será inexoravelmente mantida.
Disse há pouco da minha preocupação imediata em
assegurar a continuidade. Essa continuidade será procurada não apenas na ordem
administrativa, como no plano político. Mas continuar implica uma ideia de
movimento, de sequência e de adaptação. A fidelidade à doutrina brilhantemente
ensinada pelo Doutor Salazar não deve confundir-se com o apego obstinado a
fórmulas ou soluções que ele algum dia haja adoptado.
O grande perigo para os discípulos é sempre o de
se limitarem a repetir o Mestre, esquecendo-se que um pensamento tem de estar
vivo para ser fecundo. A vida é sempre adaptação.
O próprio Doutor Salazar teve ensejo, durante o
seu longo governo, de muitas vezes mudar de rumo, reformar o que ensaiara
antes, corrigir o que a experiência revelara errado, rejuvenescer o que as
circunstâncias mostravam envelhecido. Quem governa tem constantemente de
avaliar, de optar e de decidir. A constância das grandes linhas da política
portuguesa e das normas constitucionais do Estado não impedirá pois o governo
de proceder, sempre que seja oportuno, às reformas necessárias.
Entro a exercer as árduas funções em que fui
investido animado de uma grande fé. Fé na Providência de Deus sem cuja
protecção são vãos os esforços dos homens. E fé no povo português que espero
firmemente saberá corresponder ao apelo de quem, com absoluto desinteresse,
apenas deseja servir a sua Pátria e fazer quanto possa para ajudar os seus
concidadãos numa hora difícil a prosseguir no caminho penosamente trilhado da
dignidade, da paz e da justiça social.
Temos de cerrar fileira, aquém e além-mar, para
avançarmos juntos, com prudência, sim, mas seguramente. A divisão pode-nos ser
fatal a todos. A dispersão enfraquecer-nos-á sem remédio. Saibamos ser dignos
desta hora. O mundo tem os olhos postos em Portugal: a dignidade do Povo
Português responderá a essa curiosidade ansiosa.
.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
quinta-feira, 19 de julho de 2012
segunda-feira, 16 de julho de 2012
segunda-feira, 25 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
domingo, 27 de maio de 2012
quinta-feira, 17 de maio de 2012
segunda-feira, 30 de abril de 2012
sexta-feira, 20 de abril de 2012
terça-feira, 3 de abril de 2012
segunda-feira, 2 de abril de 2012
José Tengarrinha – Algumas notas biográficas
José Tengarrinha nasceu em Portimão, em 1932. Concluiu o ensino liceal
em Faro e veio para Lisboa com 17 anos. Aqui residiu até aos 55. Actualmente,
vive em S. João do Estoril. É doutorado em História e Professor Catedrático da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Jubilado, desde 2002.
I.
Durante
a ditadura a sua vida pessoal e profissional foi fortemente condicionada pela
sua consciência cívica e actividade política.
Iniciou a actividade política aos 15 anos, no MUD
Juvenil (Movimento de Unidade Democrática), de que foi membro da Comissão
Central.
Actuou com funções de responsabilidade em todas as
grandes campanhas políticas da Oposição Democrática, que se desenvolveram desde
1958 a
1974.
Foi candidato nas listas da Oposição pelo círculo de
Lisboa, nas eleições realizadas para a Assembleia Nacional, em 1969 e 1973.
Participou, como responsável por uma das secções, no
Congresso Republicano de 1969 e integrou a Comissão Coordenadora do Congresso
da Oposição Democrática de 1973.
Foi detido pela PIDE, em inúmeras ocasiões – prisões
relacionadas com as actividades políticas que desenvolvia e com as organizações
oposicionistas a que pertencia (MUD Juvenil, Partido Comunista Português e
CDE). Três prisões totalizaram 14 meses no Aljube e em Caxias.
Esteve detido durante um ano na Companhia
Disciplinar de Penamacor, onde cumpriu o serviço militar por razões políticas.
Durante as prisões foi sujeito a torturas, entre as
quais a tortura de sono, na prisão de Dezembro de 1961.
Na sequência desta prisão, foi expulso do Ensino
Secundário e, então, também, impedido pela Censura de exercer a actividade
profissional de jornalista. A PIDE fez sempre pressões para que fosse despedido
em todos os empregos que procurou.
Encontrava-se preso no Forte de Caxias, em regime de
isolamento e rigorosa incomunicabilidade, quando se deu o 25 de Abril, tendo
sido libertado apenas no dia 27.
II.
Em meados da década de 50, quando frequentava o Curso de
Histórico‑Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa fez
parte do núcleo redactorial de Lisboa da revista Vértice, com António José Saraiva, Júlio Pomar e Maria Lamas. Iniciou
então investigações sistemáticas sobre a história oitocentista portuguesa.
Frequentou esse Curso como voluntário, por se encontrar
então detido na Colónia Penal de
Penamacor, depois de ter sido expulso do Corpo de Oficiais Milicianos sob a
acusação de desenvolver actividades contra a segurança do Estado.
Em 1958, apesar das condições adversas, criadas também por
alguns docentes, concluiu a licenciatura em Ciências Históricas e Filosóficas,
na Faculdade de Letras de Lisboa.
Jornalista profissional desde 1953 (Jornal
República), iria fazer parte do grupo fundador de um jornal, considerado
inovador, o Diário Ilustrado, de que
foi chefe da Redacção até 1962, quando a Censura impôs a cessação da sua
actividade jornalística, após prisão pela polícia política em Dezembro de 1961.
Nos princípios da década de 60 integrou o corpo
redactorial da revista Seara Nova.
Em 1962 foi‑lhe atribuído o prémio da Associação dos Homens de Letras do Porto, com apoio da
Fundação Calouste Gulbenkian, pelo conjunto de ensaios publicado no jornal Diário de Lisboa, no ano anterior, sob
o título António Rodrigues Sampaio, desconhecido.
De 1963 a 1966, a Fundação Calouste
Gulbenkian concedeu‑lhe uma bolsa de estudo para prosseguir as investigações
sobre a História Oitocentista Portuguesa.
Foi
fundador e director – com os Professores Vitorino Nemésio, Joel Serrão e José
Augusto França – do Centro de Estudos do
Século XIX do Grémio Literário (que funcionou desde 1969 a 1974, apoiado pela
Fundação Calouste Gulbenkian) e, como tal, tendo sido promotor e participante
de cursos, conferências e colóquios, sobre temas da nossa história Oitocentista,
com a colaboração de qualificados historiadores e sociólogos nacionais e
estrangeiros.
Em
1973 assumiu a direcção, com os Professores Tiago de Oliveira e Joel Serrão, da
preparação da enciclopédia Logos.
No
âmbito das actividades do Centro de
Estudos do Século XIX, regeu cursos sobre História Contemporânea de
Portugal, no Grémio Literário, desde
1970 a
1973 (frequentados sobretudo por estudantes universitários, que viam neles um
complemento da formação de que não dispunham na Universidade).
No
ano lectivo de 1972/73, a convite do Vice‑Reitor da Universidade Técnica de
Lisboa (Prof. António Maria Godinho), deu lições sobre História económica portuguesa dos séculos XVIII e XIX, no Instituto
Superior de Economia, integradas nas cadeiras de Economia IV e V.
III.
Após o 25 de Abril foi eleito presidente
do MDP/CDE e, por esse partido, deputado às Constituintes e em diversas
legislaturas.
O Plenário dos estudantes da Faculdade
de Letras de Lisboa, após o 25 de Abril, decidiu integrá-lo no seu corpo docente,
o que aconteceu a partir de Outubro de 1974.
Como
deputado da Assembleia da República foi Vice‑presidente da Comissão
Parlamentar de Educação, coordenador e um dos redactores do projecto que daria
origem à Lei de Bases do Sistema Educativo.
Em 1974 foi convidado a reger a cadeira de “História do Jornalismo” no Curso Superior de Jornalismo do Instituto
Superior de Meios de Comunicação Social, actividade que exerceu até ao
encerramento desse Instituto, em 1982.
Em
Outubro de 1974 foi convidado a ingressar no corpo docente da Faculdade, na
categoria de equiparado a professor auxiliar. Doutorou-se nesta Faculdade em
1993.
Regeu, a partir de então, as
seguintes cadeiras:
História
Contemporânea de Portugal, depois denominada História de Portugal, sécs. XVIII‑XX.
História
Económica e Social – sécs. XVIII‑XX.
História Geral
Contemporânea,
em substituição da anterior, desde 1990.
Criou,
dirigiu e leccionou mestrados, em Portugal, nas áreas da História
Contemporânea, História Moderna, História do Brasil, História da Imprensa
Periódica, História Regional e Local, Cultura e Formação Autárquica. Orientou,
nestas áreas, numerosas teses de mestrado e doutoramento. Leccionou em cursos e
seminários de doutoramento em Universidades estrangeiras, entre outras:
Florença, Pescara, Bolonha, Paris VII, Nantes, Valladolid, Bilbao, Autónoma de
Barcelona, Carlos III de Madrid, Sevilha, Canárias, École des Hautes Études en
Sciences Sociales de Paris.
Professor
visitante da Universidade de São Paulo para cursos de pós-graduação.
Integra
conselhos de redacção e editoriais de revistas de História e Ciências Sociais
de Portugal, Espanha e Brasil.
Tem
desenvolvido outras actividades no campo da Cultura:
Foi
responsável científico pelo colóquio sobre “O Barroco e o Mundo Ibero‑Atlântico”,
promovido pelo Instituto de Cultura Ibero‑Atlântica, com sede em Portimão, que
decorreu entre 9 e 11 de Maio de 1997.
Convidado
a integrar o Comité Científico do IV Congreso Internacional en Rehabilitación
del Patrimonio Arquitectónico y Edificación, que se realizou em Havana, na
segunda quinzena de Julho de 1998.
Integrou
o júri do prémio de História “Alberto Sampaio”, instituído pelas câmaras
municipais de Famalicão e Guimarães.
Coordenou
um grupo de trabalho, a convite da Comissão dos Descobrimentos, encarregado de
elaborar um parecer, no Encontro entre Professores de História Portugueses e
Brasileiros sobre o Ensino da História do Brasil em Portugal.
Foi
convidado pelo Ministério da Educação a integrar a Comissão Científica do Congresso
Luso‑Brasileiro “Portugal‑Brasil: Memórias e Imaginários”, que se realizou
em 1999.
IV.
Tem
numerosas obras publicadas em Portugal e no estrangeiro, no domínio da História
e das Ciências Sociais, com destaque para Obra
Política de José Estêvão, 1962; História
da Imprensa Periódica Portuguesa, 1965 e 1989; A Novela e o Leitor. Estudo de Sociologia da Leitura, 1973; Diário da Guerra Civil. Sá da Bandeira,
1975-1976. Combates pela Democracia,
1976; Estudos de História Contemporânea
de Portugal, 1983; Da Liberdade
Mitificada à Liberdade Subvertida; Uma Exploração no interior da repressão à
imprensa periódica de 1820 a
1828.
Movimentos Populares Agrários em
Portugal – 1750-1825, 1994; História do Governo Civil de Lisboa,
2002; Imprensa e Opinião Pública em
Portugal, 2006; E o Povo onde está?
Política Popular, Contra-Revolução e Reforma em Portugal, 2008. Portimão e a Revolução Republicana,
2010. Numerosas separatas da sua autoria foram editadas por universidades de
Itália, França, Holanda e Espanha, além de Portugal.
No
Brasil (São Paulo), publicou A
Historiografia Portuguesa, Hoje, 1999;
Historiografia Luso-Brasileira Contemporânea, 1999 e História de Portugal, 2003 (3 edições).
Em
2011, a
convite da Assembleia da República, publicou José Estêvão – O Homem e a Obra.
Em
Fevereiro de 2012 faz, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a apresentação
pública dos resultados do projecto Legislação
do Brasil Colonial. 1502-1706.
V.
Actualmente
É
Director dos Cursos Internacionais de Verão realizados em Cascais, todos os
anos, desde 1992.
É Presidente (e foi fundador) do Centro
Internacional para a Conservação do Património (CICOP – Portugal), com sede
mundial em Tenerife.
É Presidente do Instituto de Cultura e
Estudos Sociais (sediado em Cascais), que tem organizado cursos de mestrado
e outros cursos sobre diversos temas e apoiado projecto de investigação
pós-doutoramento de historiadores portugueses e brasileiros.
VI.
Em
2006 recebeu a Medalha de Honra do Município de Cascais.
.
domingo, 1 de abril de 2012
quinta-feira, 29 de março de 2012
quinta-feira, 15 de março de 2012
quinta-feira, 8 de março de 2012
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
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